A Nova Era das Tarifas: A China Responderá às Medidas de Trump com uma Guerra Comercial?

Explore como as recentes tarifas de Trump sobre importações chinesas podem desencadear uma nova guerra comercial. Análise das respostas da China, impactos econômicos e cenários futuros.

2/3/2025

Foto: Kevin Lamarque/Reuters - 29/06/2019

Em 1º de fevereiro de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas de 10% sobre importações chinesas, além de 25% sobre produtos do México e Canadá, alegando combate ao tráfico de drogas e imigração ilegal. A medida reacendeu temores de uma nova guerra comercial global, mas a resposta da China até agora tem sido mais moderada do que em conflitos passados. Será que Pequim escalará as tensões ou buscará uma solução negociada?

A Resposta Chinesa: Estratégia Cautelosa

A China reagiu formalmente ao anunciar que contestará as tarifas na Organização Mundial do Comércio (OMC) e tomará "contramedidas correspondentes" 12. No entanto, diferentemente de episódios anteriores (como a guerra comercial de 2018-2020), Pequim evitou retaliar imediatamente com tarifas equivalentes. Em vez disso, sinalizou disposição para retomar o acordo comercial de 2020 (conhecido como "Fase Um"), que previa aumentos nas compras de produtos americanos em troca de redução de taxas.

Segundo analistas, a tarifa de 10% foi interpretada como uma medida de pressão limitada, permitindo espaço para negociações. O governo chinês também destacou que a crise do fentanil é um "problema interno dos EUA", separando questões comerciais de segurança.

Comparação com Canadá e México: Retaliações Imediatas

Enquanto a China mantém um tom diplomático, Canadá e México já retaliaram:

  • O Canadá impôs tarifas de 25% sobre US$ 155 bilhões em produtos americanos, incluindo bebidas alcoólicas e alimentos.

  • O México prometeu um "plano B" com restrições comerciais, embora detalhes ainda não tenham sido divulgados.

Essas medidas refletem uma disparidade nas estratégias: aliados tradicionais dos EUA optaram por respostas duras, enquanto a China, maior alvo comercial, busca evitar uma escalada.

Impactos Econômicos: Mercados em Alerta

As tarifas de Trump já provocaram queda nas bolsas globais:

  • Dow Jones: -1,49%.

  • Nikkei (Japão): -2,66%.

  • Petróleo: alta de 2% ante riscos de desestabilização.

Economistas alertam para riscos de estagflação nos EUA (inflação alta com crescimento estagnado) e recessão no Canadá e México. Um modelo da EY aponta que as tarifas podem reduzir o PIB americano em 1,5 ponto percentual em 2025.

Risco de Guerra Comercial em 2025: Cenários Possíveis

Apesar da moderação atual, analistas da Control Risks destacam que 2025 pode marcar uma nova fase de conflitos comerciais, impulsionada pela política protecionista dos EUA e pela resposta chinesa. Pequim tem ferramentas para retaliar de forma mais agressiva, como:

  • Restrições a exportações de terras-raras (cruciais para tecnologia).

  • Boicotes a empresas americanas.

  • Desvalorização do yuan.

No entanto, a prioridade chinesa parece ser evitar danos à recuperação econômica pós-pandemia. A proposta de reativar o acordo de 2020 sugere que Pequim prefere concessões comerciais a um conflito aberto.

Conclusão: Diálogo ou Escalada?

A China está caminhando em uma linha tênue: enquanto prepara defesas na OMC, mantém portas abertas para negociações. Se Trump insistir em ampliar as tarifas – como ameaçou durante a campanha –, Pequim poderá ser forçada a retaliar, reacendendo uma guerra comercial com impactos globais. Por ora, a bola está com os EUA: a decisão de escalar ou buscar um pacto definirá se 2025 será marcado por cooperação ou conflito.